Meu filho é muito fechado: o que fazer?

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"Meu filho é muito fechado", quando falamos sobre falta de abertura por parte de uma pessoa também podemos chamar de introspecção. Entretanto, é importante ressaltar que ser “fechado”, contido emocionalmente e gostar de brincar sozinho não é problema nenhum para uma criança. Mas pode ser para os pais, se eles não souberem lidar com esse temperamento do filho.

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Uma das maiores referências em psicologia do comportamento humano, a norte-americana Christine Fonseca, autora do livro “Quiet Kids” (Crianças Quietas, em tradução livre)– sem previsão de lançamento no Brasil –, viveu isso na infância. “Lembro da minha mãe lutando contra os mitos que ela própria carregava sobre o que era ser introvertido”, conta a autora no prefácio da obra, mãe de duas adolescentes de 17 e 13 anos.

Durante os 16 capítulos da obra, a psicóloga discute situações reais do dia a dia e trazendo orientações bem práticas sobre o que fazer quando a criança é mais fechada e introspectiva. Vamos acompanhar algumas delas e fazer alguns apontamentos importantes sobre o tema. Ficou curioso? Continue a leitura.

Introspecção e timidez: principais diferenças

A introspecção é uma característica comum a indivíduos introvertidos, que são aqueles que costumam olhar mais para dentro, para seu mundo interior, evitar ambientes cheios de pessoas e que preferem se socializar em grupos menores. Eles têm esse comportamento porque seu cérebro é mais sensível a estímulos do que o dos extrovertidos, por exemplo.

Dessa forma, se sentem desconfortáveis em locais barulhentos, em que precisem dividir demais a sua atenção. Como se pode perceber, não se trata de nenhum tipo de dificuldade de comunicação, mas sim de um traço da personalidade.

Em se tratando da timidez, os indivíduos que apresentam esse comportamento mais reservado fazem isso mais por insegurança e medo de serem julgados. Nesse cenário, evitam ambientes com muita gente porque se sentem envergonhados em se expressar e porque evitam ser o centro das atenções.

Além disso, eles preocupam-se excessivamente com a opinião alheia, o que faz com que deixem de tomar decisões pensando em si para considerar os outros. Por isso, trata-se de uma condição que pode prejudicar a vida de uma forma geral, com destaque para a carreira profissional e os relacionamentos pessoais.

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O sistema nervoso de pessoas introvertidas

Há, principalmente, dois neurotransmissores (substâncias que, no cérebro, conduzem os impulsos elétricos entre os neurônios) que interferem na personalidade. Um deles é a dopamina, mais utilizado pelos extrovertidos, que está relacionada com o pensamento rápido, a disponibilidade de correr riscos e a necessidade do estímulo externo para se renovar.

Já os introvertidos acionam mais a acetilcolina que, por sua vez, favorece a capacidade de concentração, o foco, facilita a análise em profundidade, induz a preferência por ambientes mais calmos e silenciosos e a possibilidade de se revitalizar com o mundo interior. Claro que ambos, introvertido e extrovertido, têm esses dois neurotransmissores e possuem as duas características, porém, em intensidades diferentes, já que um solicita mais a dopamina e o outro, a acetilcolina.

Principais características de pessoas introspectivas e tímidas

Para conhecer melhor os dois perfis de comportamento, veja quais são as principais características das pessoas que são naturalmente introspectivas e daquelas que, por alguma razão, são tímidas.

Introspectivas

  • Preferem ter conversas mais profundas, do tipo que acontece em ambientes mais tranquilos e com menos barulho;

  • Evitam grandes aglomerações porque se sentem incomodados com o excesso de estímulos auditivos e visuais, por exemplo;

  • Selecionam as pessoas com quem querer interagir, pois focam mais em qualidade do que quantidade;

  • Apenas se abrem a respeito de seus sentimentos com quem sentem muita confiança;

  • São bons ouvintes porque ouvem na essência e não apenas esperam a sua vez de falar;

  • Pensam bastante antes de agir e falar, sendo mais reflexivos e cautelosos em suas ações;

  • Apreciam a própria companhia e não são dependentes uns dos outros para se sentirem felizes.

Tímidas

  • Se cobram demais e se culpam com frequência;

  • Sentem uma grande dificuldade de demonstrarem os seus sentimentos;

  • Têm medo de expressarem suas opiniões e serem julgadas;

  • Sentem-se desconfortáveis e tensas quando estão na presença de estranhos;

  • Sofrem demais quando recebem algum tipo de crítica;

  • Possuem baixa autoestima e pouca autoconfiança;

  • Preferem se isolar a terem que interagir com pessoas diferentes.

O que fazer se o filho é introspectivo?

Acima de tudo, conhecer e aceitar a personalidade do filho são atitudes fundamentais para que os pais eduquem as crianças com autoestima. Em outras palavras, entender o temperamento da criança torna mãe e pai mais aptos a estimular suas qualidades, independentemente do filho ser introvertido ou extrovertido. Assim, também ficará mais fácil equilibrar, evitando que os introvertidos fiquem muito fechados e os extrovertidos, soltos demais. 

Por parte dos pais, o essencial é que eles aceitem os filhos do jeito que são. Depois, devem incentivar a criança a caminhar nesse mesmo sentido: aceitar quem ela é, entender e gostar da própria personalidade. Especificamente no caso dos introvertidos, é interessante que os pais respeitem a necessidade do filho de ficar sozinho de vez em quando e de precisar, em muitos momentos,  de ambientes calmos.

Para finalizar sobre a atuação dos pais e o que fazer quando o meu filho é fechado, diálogos sobre a importância de a criança se defender nas situações em que se sentir intimidada devem ser frequentes, preparando-a para se soltar um pouco mais e sustentar um bate-papo sem problemas. É interessante que os pais falem dos próprios sentimentos, elucidando como as crianças podem fazer e encorajando- as a confiar em si mesmas.